Terça-feira. 8 e 15 da manhã. Arredores do estádio do Dragão. Temporal horroroso. Eu a ver que vou chegar atrasada ao trabalho (e cheguei mesmo, para aí uns vinte minutos). Repito a parte do temporal. Filas e mais filas. Carros, carrinhas e carrinhas com trabalhadores lá dentro. São normalmente estas que eu atraio. Não são os gajos giros nos Opel Astra de fato e gravata, não são os dos carros desportivos, não são sequer os dos carros ditos normais. São as carrinhas de sete lugares. Com muito gajo lá dentro.
Duas do meu lado esquerdo. Da mesma empresa. Temporal. Mas vidro aberto porque iam a fumar. O gajo diz qualquer coisa que eu não percebo porque sou uma gaja normal, não fumo e por isso, em dias de temporal, vou com os vidros fechados e o rádio bem alto.
Os outros ganham gás. Ah e tal, a gaja está a olhar para nós e até sorriu (eu confesso que sorri, não para eles mas deles...)
Começo a perceber o que eles dizem porque eles começam todos aos berros e em altas gargalhadas. Até que eu me passo e perco a paciência, porque estavam os gajos giros dos Opel Astra a olhar para mim como quem diz como-é-que-uma-gaja-destas-tão-linda-e-simpática-está-a-dar-conversa-ao-pessoal-das-carrinhas-e-nem-sequer-olha-para-mim e faço-lhes aquele gesto que fica sempre mal uma lady fazer mas foi a única maneira que eu me lembrei naquela altura de eu espantar o gado porque eles nem sequer arrancavam só para ficarem colados ao meu vidro.
Resultado: vêem o dito gesto, dizem qualquer coisa entre eles, e toca a pôr as línguas de fora com a brilhante expressão: Chupa-me!
E pronto. Era só isto.