Se havia pessoa que vivia e transpirava o 25 de Abril, esse alguém era o meu pai. Só não esteve preso mas foi sindicalista convicto e nunca virava as costas a uma boa greve ou manifestação. Não tinha medo de enfrentar patrões irados nem de dizer a quem quer que fosse que este país foi melhor depois desta data. Confessava que este foi um dia de alegria muito grande para ele, ouvia a rádio da Rússia às escondidas mesmo que ninguém percebesse do que ele falava da altura. Diz que um dos dias mais marcantes da sua vida foi o 1º de Maio do mesmo ano, onde até aqui, no fim do mundo, se chegou a cortar a estrada nacional com pessoas, e ele sempre na linha da frente.
Deveria ser a única pessoa que ainda liga alguma coisa a estas comemorações do 25 de Abril. Ninguém o arredava da frente da televisão para ouvir todos os discursos e para depois nos contar, a nós os filhos da revolução que, como ele dizia, nunca saberemos o que é o mundo porque nunca tivemos fome e sempre pudemos dizer aquilo que bem nos apetece, dar beijos na boca no meio da rua e beber coca-cola.
Por tudo isto, este é um dia especial para mim.
25 de Abril sempre. Fascismo nunca mais. E cravos vermelhos, senhores, cravos vermelhos na lapela...
Bj
Sandra, de Felgueiras ( colega da Faculdade)