Ai que prazer
Ter um livro para ler
(e uns dossiers para arrumar
e coisas para organizar
e fichas para preparar
e papéis para estudar
e matérias para memorizar
e tanta mas tanta coisa que perceber)
e não o fazer
adaptação de um poema do senhor Pessoa modestamente alterado pela minha preenchida cabeça de preguiçosa crónica
Passar por uma pessoa que já nos disse tanto e ela fazer de conta que nem nos conhece é muito mau. Foi muito mau.
Passar por uma pessoa que foi ainda mais importante e ela não nos reconhecer é ainda pior. E a falta de coragem de dizer um olá, sou eu, lembras-te de mim? isso sim, foi mesmo parvoíce minha.
Mas foi bom ver-te. Se tanta gente me encontrou através do blog, pode ser que também me leias. E me reconheças. Agora sim.
Se havia pessoa que vivia e transpirava o 25 de Abril, esse alguém era o meu pai. Só não esteve preso mas foi sindicalista convicto e nunca virava as costas a uma boa greve ou manifestação. Não tinha medo de enfrentar patrões irados nem de dizer a quem quer que fosse que este país foi melhor depois desta data. Confessava que este foi um dia de alegria muito grande para ele, ouvia a rádio da Rússia às escondidas mesmo que ninguém percebesse do que ele falava da altura. Diz que um dos dias mais marcantes da sua vida foi o 1º de Maio do mesmo ano, onde até aqui, no fim do mundo, se chegou a cortar a estrada nacional com pessoas, e ele sempre na linha da frente.
Deveria ser a única pessoa que ainda liga alguma coisa a estas comemorações do 25 de Abril. Ninguém o arredava da frente da televisão para ouvir todos os discursos e para depois nos contar, a nós os filhos da revolução que, como ele dizia, nunca saberemos o que é o mundo porque nunca tivemos fome e sempre pudemos dizer aquilo que bem nos apetece, dar beijos na boca no meio da rua e beber coca-cola.
Por tudo isto, este é um dia especial para mim.
25 de Abril sempre. Fascismo nunca mais. E cravos vermelhos, senhores, cravos vermelhos na lapela...
Ainda não morri. Não estou mais magra. Ainda continuo com o mesmo gajo. Mantenho-me mal disposta e resmungona e a responder torto quando não tenho paciência para os outros. Ainda não fui cortar o cabelo e dar-lhe um corte especial como queria. Não fui de férias como parece que aconteceu a metade do mundo. Cada vez trabalho mais. Não me saiu o Euromilhões e portanto não estou a beber piñacoladas numa ilha paradisíaca. Ainda tenho o mesmo carro. E a levar a vidinha do costume.
Só que por uns tempos valentes não me lembrei que tinha um blog. Também sei que não houve assim tanta gente a dar pela minha falta mas vá... tenho que ganhar vergonha e não deixar morrer isto. That's a promise.
Amanhã começa uma nova fase da minha vida. Finalmente vai para diante um dos projectos que já cá maquinava há algum tempo. Um pouco imprevisto, mas que não deixa de ser muito desejado. Entretanto preciso de trabalhar ainda mais. E de um pouquinho de sorte. Por isso, façam o favor de cruzar os dedinhos, sim?
Ainda não disse que o bilhete dos The Killers chegou mesmo no dia de anos. E que só é pena os Ting Tings serem uma semana antes também em Lisboa, senão pedinchava esse também.
... porque hoje é sexta-feira e é dia de voltar para casa. Ainda por cima, é dia de receber os presentes que não recebi no dia, por ter estado longe de casa. Não é maravilhoso receber o abraço da melhor mãe do mundo depois de uma semana complicada?
P.S. Obrigada por todos os beijinhos de parabéns mas um muito muito especial à Andreia, que me reencontrou através da blogosfera e que foi tão especial nos nossos tempos de teenagers incompreendidas... Para além disso, nunca me esquecerei do que fizeste por mim na altura mais difícil da minha vida, por não me teres abandonado nunca. Beijo minha linda :)
... uma salva de palmas!
Muita coisa interessante aconteceu no dia 4 de Março: Gabriel, o Pensador nasceu; em 1394 nasceu o Infante D. Henrique, esse senhor; em 1678 nasceu Vivaldi, esse maluco; Filipe I Barbarosa foi eleito rei dos germanos em 1152 (até parece que sei quem era a figura!); em 1461 dá-se início à guerra das Rosas; a 4 de Março de 1777, Marquês de Pombal foi demitido por despacho régio (não acho bem, não acho bem!); em 1826 Buenos Aires foi escolhida como capital da Argentina; em 1861 iniciou-se a Guerra Civil Americana; A canção Parabéns a Você foi inventada neste dia em 1924, já antevendo que uns anitos mais tarde alguém me iria cantá-la neste mesmo dia (e o que eu adoro essa musiquinha que as pessoas insistem em apressar feitas malucas a partir do hoje é dia de festa...).
Na década de 80, a mais marcante para o país e o mundo, a minha mãe, depois de um Carnaval a comer até não poder mais (lol), começou a sentir umas dores um cadinho para o aborrecidas e pelas seis da manhã desse mesmo dia 4, uma quarta-feira de cinzas em que não se pode comer carne, nasce este naco, pelas seis da manhã. Diz que já nasci bonita, e modesta, sobretudo modesta, ao contrário do meu irmão que nascera uns anos antes roxo e feio, provocando o maior desgosto ao meu pai que sonhava em ter um lindo rapagão.
Isto tudo para dizer que estou a contar com todos os vossos beijinhos, apesar de ser só mais um dia como outro qualquer. Bamos lá, que a miúda está no fim do mundo sozinha e abandonada :)
Eu. Carro. Cemitério. Mãe. Carteira da mãe. Roubo. Polícia. Dor de cabeça. Remorsos. Juntem tudo e têm o resultado de uma suposta calma tarde de sábado.
Isto de partilhar a casa com alguém é tramado. Ontem, quando cá cheguei, percebi que me tinham comido a gelatina e os iogurtes.
Agora que tive aqui uma escapadela, é só para agradecer à navegação os parabéns e desejos de sucesso. Isto está complicado. Longe de casa, sozinha, já pouco habituda a estas rotinas tão intensivas, tem custado. Mas os miúdos têm sido muito queridos e as coisas têm corrido bem. Não fosse eu ser também directora de turma de alunos que não conheço e ter de presidir uma reunião na sexta-feira nessa mesma qualidade sem nunca na vida o ter feito, era tudo muito bonito. Assim, enquanto não forem horas de ir para casinha na sexta-feira à "noitíssima", não consigo respirar muito bem. E está só mais ou menos.
Depois de ontem ter visto mais um vídeo de casamento, eis que é chegada a altura da minha reflexão. Aquilo foi um autêntico manual de instruções de como não fazer.
Então, o noivo era giro porque eu até sei que é mas os planos não eram bons; sempre que o moço aparecia era de lado e aquele cabelo e o ar excessivamente moreno fizeram-me lembrar o Bruno Alves a toda a hora. O que não é um bom presságio.
A noiva, pelo contrário, nunca deveria ser filmada ou fotografada de perfil porque tem um nariz enorme, assim ao estilo de Maya. Portanto, sempre de frente pessoal fotógrafo, que ainda desfavorecem a rapariga.
Depois o vídeo em si. Começando pela escolha das músicas: criaturas espertas que abundam neste mundo, é suposto que sejam músicas que dizem alguma coisa: aquela que aparece mais vezes é a da Nelly que por acaso diz que todas as coisas boas acabam. O que, para quem acabou de casar e está muito feliz, não é a melhor mensagem para passar. Isso e a Brandie Carlile. Que grita muito. E assusta ainda mais.
Depois o vídeo em si. É que o senhor fotógrafo pôs a missa todaaaaaaaaaaaaaaaa no vídeo. Não há pachorra amores. E depois mostrou os convidados todooooooooooooos sentados à mesa, mostrou as mesas todaaaaaaaaaaaaaaaas, e olha que eram muitos, depois a comida todaaaaaaaaaaaaaaaaaa... Jesus.
Demasiado grande. Demasiado seca. Demasiado extenso. Demasiado teatralizado. Demasiado forçado. Demasiadas caras de **** para a câmora.
Ah e tal mas eu paguei e quero que se veja tudo. Isso era no tempo das nossas avós. Mais vale curto e concentrado mas de boa qualidade (tou a imaginar o álbum)
Ah, depois havia uma cena que dizia Extras; fui ver, ainda pensando que era uma espécie de apanhados ou assim umas fotos desfocadas mas com estilo, qualquer coisa que desse para me tirar os bocejos da boca. E o que eram os extras? Era a mesma coisa, mas com outras músicas.
E pronto, fiquei mesmo a saber aquilo que não quero para o meu. Meia horinha chega para tudo. E não faço boquinhas nem poses nem cenas para as fotos. Tudo ao natural. E pouco. Que a memória não apaga as coisas boas.
Uma das tarefas mais difíceis da minha vida: perante uma cambada de putos de 13/14 anos que são telemóvel-dependentes e pouco capazes de articular três frases seguidas que tenham alguma lógica, tive de lhes explicar o que é um cliché.